Quadril em observação
O que é isso?
A Sinovite Transitória do Quadril é a principal causa de dor no quadril em crianças abaixo de 10 anos. Trata-se de uma inflamação no quadril de causa desconhecida, autolimitada e não infecciosa. É mais frequente em crianças muito ativas, podendo ocorrer na presença de quadro viral sistêmico, sendo denominado de Sinovite Reativa.
Como se manifesta?
Existem duas formas de apresentação:
– Dor aguda, de início abrupto;
– Dor de instalação lenta e progressiva, localizada no quadril propriamente dito ou referida no joelho. Geralmente se manifesta com claudicação (mancar), porém pode ser de forte intensidade, impedindo a criança de caminhar e até dificultando os movimentos para troca de roupa.
Importante ressaltar que o estado geral da criança permanece normal. Não apresenta febre, abatimento, perda do apetite.
O que encontramos no exame físico?
Dor com a mobilidade passiva do quadril, principalmente abdução (abertura da perna).
Dado importante:
– Não há bloqueio da mobilidade, só limitação quando comparado com o lado contralateral.
– Não há sinais inflamatórios locais (inchaço, vermelhidão).
– A criança geralmente está mancando grosseiramente, podendo inclusive não conseguir caminhar.
Quais as outras causas de dor no quadril nesta idade?
O principal diagnóstico diferencial é com Artrite Séptica (infecção da articulação). A criança apresenta febre, abatimento, perda do apetite, rigidez (bloqueio do movimento do quadril) e sinais inflamatórios na articulação. Geralmente está com quadro infeccioso agudo em outro local, podendo ou não estar em uso de antibiótico. Trata-se de uma urgência ortopédica. É muito importante fazer essa diferenciação porque o tratamento e o prognóstico são completamente diferentes.
Exames de imagem são importantes?
Sim, a rotina recomendada é realizar radiografia e ultrassonografia do quadril. A radiografia tem como objetivo afastar outras possibilidades de diagnóstico diferencial. A ultrassonografia identifica o aumento de líquido sinovial, bem como a presença ou ausência de grumos.
Quando pedir exames de laboratório?
Só devem ser solicitados se história e exame físico forem sugestivos de infecção. Sempre em casos de dúvida entre as duas patologias. Os marcadores de inflamação têm papel importante quando elevados, sugerindo causa infecciosa para a dor.
Como tratar?
O Tratamento é conservador, feito com medicamentos que visam diminuir a inflamação e dor. Recomenda-se repouso relativo da articulação, ou seja, a criança pode caminhar de acordo com a tolerância. Esportes devem ser evitados no período de sintomas. A expectativa, em se tratando de Sinovite, é de melhora progressiva geralmente em 7 dias.
A criança deve ser observada de perto durante o tratamento. Contato frequente com a família é importante. Surgimento de piora, após o início do tratamento, obrigatoriamente deve ser reavaliado, pois provavelmente, é outro diagnóstico e outras medidas deverão ser tomadas.
Vai deixar sequela?
Não, o quadro é benigno, com resolução completa dos sintomas, sem nenhum prejuízo à articulação e retorno à marcha normal e prática esportiva sem restrição.
Pode acontecer novamente?
Sim, algumas crianças podem ter recidiva dos sintomas por mecanismos ainda desconhecidos. A investigação deve ser recomeçada independente do número de episódios prévios.
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
Consultório: Barra Life
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