Hemiplegia espástica é o tipo mais comum de paralisia cerebral.
Caracteriza-se por uma sequela motora, de origem neurológica, em um lado do corpo, acometendo membro superior e inferior em crianças com grande nível de atividade física.
A maioria das crianças hemiplégicas conseguem caminhar de forma independente e sem atrasos.
A forma mais comum de apresentação é observado quando iniciam a marcha, com uma postura fletida do membro superior, ou seja, não esticam o cotovelo completamente e nem o punho, além de caminharem com a ponta do pé, no lado acometido.
É comum apresentarem marcha com o pé do lado acometido virado para dentro, dificultando o passo, causando desequilíbrio, quedas e mancar com frequência.
Existem várias preocupações com as crianças hemiplégicas:
– Preocupação com a aceitação e convívio social;
– Baixa auto-estima;
– Aspecto estético da marcha;
– Melhoria funcional para as atividades diárias e esportivas.
Os tipos de hemiplegia em crianças:
– Existem crianças em que só o pé apresenta deformidade, sendo o encurtamento da panturrilha e marcha na ponta do pé, o mais comum.
– Outras apresentam, além do comprometimento do pé, o acometimento do joelho que pode apresentar dificuldade em extensão completa, conhecido com joelho flexo ou dificuldade na flexão completa, conhecido como joelho rígido.
– Temos ainda aquelas crianças em que, além do pé e joelho, apresentam também o comprometimento do quadril, com dificuldade em extensão completa para ficar em pé e dificuldade no movimento de abertura da articulação, quando comparado com o lado normal.
O tratamento ortopédico:
O tratamento ortopédico é longo e tem por objetivos a correção das deformidades e posturas inadequadas, visando melhoria funcional da criança e independência para as atividades, tanto no membro superior quanto no inferior.
O arsenal de tratamento é amplo e deve ser iniciado precocemente.
Nas crianças de baixa idade, os métodos de tratamento iniciais incluem aplicação de botox nos músculos espásticos, uso de órtese adequada e fisioterapia motora.
Com o avançar da idade, as deformidades vão se tornando fixas, não respondendo às medidas de tratamento conservador e, nestes casos, as indicações de cirurgia ortopédica corretiva serão necessárias.
Os tipos de cirurgia existentes:
– Alongamentos tendinosos;
– Transferências tendinosas;
– Correções ósseas com as osteotomias.
Frequentemente associamos várias técnicas no mesmo ato operatório onde, de rotina, promovemos a correção de todas as articulações no segmento acometido, na mesma cirurgia.
São as cirurgias conhecidas como em múltiplos níveis.
Os benefícios da cirurgia em múltiplos níveis no mesmo ato:
Permitem a correção de todo o segmento acometido, ou seja, quadril, joelho e pé são corrigidos de imediato e como um todo;
Com isso, a recuperação pós-operatória é feita de uma vez só, evitando as cirurgias em estágios separados, que obrigaria a criança a ter várias internações, anestesias e cirurgias;
Facilita o trabalho de reabilitação fisioterápica, pois todo o segmento operado estará bem alinhado e apto para ser reabilitado, oferecendo com isso grandes benefícios motores.
Como saber o tipo de tratamento adequado para cada criança?
Através de um cuidadoso exame físico ortopédico, realizado em todas as articulações envolvidas, podemos fazer as conclusões necessárias para a boa indicação.
Muitas vezes, nem sempre a deformidade óbvia e visível pela família é a única existente e cabe ao médico assistente diagnosticar as deformidades associadas e definir a necessidade ou não de tratamento, permitindo assim a completa correção do segmento.
Mensagem aos pais:
A hemiplegia em crianças é a forma mais comum de paralisia cerebral.
O tratamento deve ser iniciado precocemente e com abordagem de múltiplos profissionais.
Fisioterapia motora, uso de órteses adequadas e terapia regular com aplicação de botox é a primeira linha no tratamento em crianças de baixa idade.
Cirurgias ortopédicas oferecem a correção definitiva para o problema, sempre com o objetivo de tornar o lado acometido o mais simétrico possível com o lado normal.
Conseguimos bons resultados com uma marcha bastante funcional para as crianças se tornarem independentes, inclusive para a prática esportiva.
Um abraço a todos!
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
Consultório: Barra Life
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