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Conheça o quadril na Síndrome de Down



O que é o quadril?

O quadril é uma articulação do membro inferior formado pelos componentes anatômicos da cabeça e colo femoral e acetábulo.

A cabeça femoral normal é esférica (redonda) e articula-se com o acetábulo, que é a parte de cima da articulação. Esta parte cobre praticamente toda a cabeça femoral, deixando apenas 10% ou 15% da cabeça femoral descoberta. Além de normal e fisiológico, o acetábulo é considerado o “teto” da articulação. A cabeça e colo femoral formam um ângulo chamado cervicodiafisário, cujo valor normal é determinado apenas através de exame de imagem. O aumento patológico deste ângulo é chamado de coxa valga.




Tendo este conhecimento preliminar, podemos agora definir para o leitor a nomenclatura atual e moderna para a patologia do quadril nas crianças com síndrome de down.

Chamamos de displasia do quadril, a patologia em que existe qualquer anormalidade nos componentes anatômicos do quadril, citados acima.

Portanto, qualquer anormalidade no formato da cabeça femoral, formato do acetábulo, ângulo do colo femoral (coxa valga) e ausência ou diminuição da cobertura da cabeça femoral, determinarão o diagnóstico de displasia do quadril.

A nomenclatura antiga, conhecida pela maioria dos leitores como luxação congênita do quadril, luxação adquirida do quadril, subluxação do quadril, quadril instável ou luxável, foi substituída por um termo universal conhecido como displasia do desenvolvimento do quadril.

Por que a nomenclatura mudou?

Por dois motivos principais: o primeiro seria facilitar a comunicação entre os profissionais de saúde, evitando equívocos de interpretação, pois as denominações antigas, na verdade, representam estágios completamente diferentes da patologia do quadril. Ou seja, quando alguém se referia ao termo ‘luxação congênita do quadril’, quem ouvia não sabia se estavam falando sobre um quadril com ausência completa ou parcial da cobertura da cabeça femoral, se existia ou não coxa valga, se o quadril era instável ou não e, se o acetábulo (teto da articulação) estava bem formado ou não.

Portanto, as denominações antigas não permitiam aos interlocutores, falarem a mesma língua, impedindo as conclusões necessárias quanto às formas de tratamento.

A outra questão, que levou a modificação da nomenclatura, está relacionada à questões médicas legais, pois hoje sabemos que as alterações do quadril da criança podem ocorrer em qualquer momento do desenvolvimento e crescimento, não sendo exclusivamente congênitas. Então, quadris que nasceram com a anatomia e estabilidade normais, podem desenvolver a displasia, com o crescimento e desenvolvimento da criança.

Com isso, a nomenclatura passa a ser universal e, quando nos referimos ao quadril displásico ou displasia do desenvolvimento do quadril, todos os ouvintes entenderão a mesma coisa. Trata-se de uma anormalidade anatômica do quadril, seja no componente femoral (cabeça ou colo) ou no componente acetabular, com ou sem instabilidade articular.

Na síndrome de down, os fatores que favorecem a displasia do quadril são a hipotonia (fraqueza dos músculos), a frouxidão ligamentar exagerada e a patológica, além das alterações ósseas do desenvolvimento.

A displasia do quadril pode ser uma patologia silenciosa, sem nenhum sintoma no início da vida, só sendo descoberto se procurada pelo médico nas consultas ortopédicas de rotina, com manobras de exame físico ortopédico e/ou através de imagem. Por isso, é recomendada, de rotina, a avaliação dos quadris na criança com síndrome de down.

Quando surgem sintomas, o mais frequente é que a criança apresente claudicação (mancar), sensação de falseio, quedas frequentes e, em estágios mais tardios, dor articular, encurtamento do membro inferior e limitação na mobilidade.

Não existe um tratamento único para a displasia do quadril na Síndrome de Down, ou seja, não existe uma “receita de bolo”. O tratamento é sempre individualizado para cada caso e visa corrigir todos os componentes que participam das anormalidades anatômicas.

O conhecimento científico atual:

O quadril displásico na síndrome de down, com ou sem franca instabilidade, precisa de correção cirúrgica para obter o resultado satisfatório.

Que resultado é esse?

Promover a estabilidade articular; restabelecer a anatomia; acabar com as queixas apresentadas; restabelecer a congruência articular, garantindo função normal ao longo da vida.

As alterações ósseas femorais e acetabulares são corrigidas com osteotomias e a frouxidão ligamentar exagerada e patológica, com a capsuloplastia.

A definição do procedimento está bem estabelecida na literatura. Talvez, o mais difícil seja determinar o melhor momento para a realização da cirurgia.

Sabemos também que o tratamento com órteses não oferecem resultados satisfatórios no quesito de estabilidade articular, e nem na promoção das correções das anormalidades ósseas femorais ou acetabulares. Os quadris displásicos, na síndrome de down, exigirão correção cirúrgica em algum momento da vida do jovem paciente.

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Um abraço a todos!


Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.

Consultório: Barra Life

Av. Armando Lombardi, 1000 – sala 231, bloco 2, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro

Telefone para contato: 3264-2232/ 3264-2239




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